Na véspera do primeiro show da nova turnê, Paul Stanley conversou com a SPIN. Segue abaixo a entrevista na íntegra.
Spin: O que os fãs do Kiss verão nessa turnê que não tenham visto antes?
Paul Stanley: Tem mais pirotecnia. O palco todo, em sua essência, é uma tela de video, todos os amplificadores tornam-se telas de vídeo e também existe uma maciça estrutura de telas de video atrás de nós. As projeções são fenomenais. Tem uma parte do show em que Eric (Singer) e Tommy (Thayer) fazem um grande duelo musical. Estamos usando a tecnologia para fazer uma arma maior e melhor.
Spin: Uma arma do amor (Love Gun).
Paul Stanley: (Risos) É uma arma que é melhor do que ter uns caras dançando em volta tentando montar uns nos outros enquanto alguém dubla.
Spin: Você está no palco com fogos de artificio estourando às suas costas por 35 anos. O que o mantém fresco?
Paul Stanley: A primeira ordem é agradar a nós mesmos. Estamos mudando as coisas pelos fãs? Estamos mudando as coisas por nós. Você deve ter em mente que começamos tudo querendo ser a banda que nunca vimos. Essa continua a ser a filosofia. Nós queríamos fazer o melhor show possível por nós. Eu quero que a banda viva ao máximo tudo que ela possa ser. Então esta turnê, que é uma continuação da Sonic 'Boom Over Europe tour', é de longe o melhor e maior show que já fizemos. Eu acho isso. Os fãs acham isso. E os críticos, felizmente, também acham.
Spin: Qual sua parte preferida do show?
Paul Stanley: Voar por cima do público sempre é legal. A entrada do show é espetacular. É heróico e vibrante. Olhe, sutileza, não combina com nosso nome. Se você acha que vai gastar seu dinheiro suado para ver um cara com um violão sentado num tapete cantando algo sobre salvar as baleias, você está no show errado.
Spin: Quanto tempo vocês gastam pensando em todos os elementos teatrais do show em contrapartida à música.
Paul Stanley: Nós gastamos todo o final de semana passado apenas ensaiando as músicas. Qualquer um com dinheiro pode montar um show como o Kiss, mas não podem ser o Kiss. Depois que toda a fumaça, os fogos e as luzes se forem, é bom que você tenha boa música ou não será o suficiente.
Spin: Sou um grande fã do seu bate-papo com o público nos palcos. Você sabe que existe uma coletânea chamada "Let Me Get This Off My Chest", onde alguém juntou um monte de coisas que você diz entre as músicas?
Spin: Paul Stanley: Sim, eu sei disso. Não sou um presunto, sou o porco inteiro.
Spin: Você planeja essa conversa com o público?
Paul Stanley: Não. As coisas que eu falo se tornam parte do show? Claro. Apenas ir lá e improvisar todas as noites significa que você tem as mesmas chances de cair de bunda quanto de vencer a corrida. Estamos garantindo que você receba o que esperava. Então, o papo com o público se torna parte do show? Claro. Estou sempre empurrando os limites e tentando achar outras coisas pra falar, mas sejamos honestos, uma jóia na noite passada, ainda é uma jóia esta noite.
Spin: Mas o tom de sua voz quando conversa com público é fantástico. É como uma mistura do sotaque de Nova York com uma fala Black Jive (nome dado a maneira de falar comum entre os musicos de jazz posteriormente incorporada pelos hippies) e coisas meio drag queen.
Paul Stanley: É uma confusão. É engraçado pois Eric estava escutando algumas de minhas conversas com o público, e ele diz que soa como James Brown. Um pouco disso está lá com certeza. Um pastor evangelico está lá. Um comentarista de esporte está lá. E também há um motorista de táxi de Nova York, que eu já fui.
Spin: Você dirigiu um táxi?
Paul Stanley: Oh sim. Eu me lembro de levar pessoas para ver Elvis no Madson Square Garden pensando, 'Um dia pessoas vão ser deixadas de taxi para me ver'. Então sim, a conversa do público não vem de um personagem criado. É um monte de elementos diferentes de quem eu sou e de quem eu vi. Eu vi Otis Redding no palco. Eu vi Led Zeppelin. Eu vi Buddy Guy e John Lee Hooker. Se havia música lá fora, eu vi. Se eu absorvi tudo? Pode apostar. E tem um monte de gente neste momento aí fora fazendo música com o que absorveu do que fazemos.
Spin: De certa forma, eu pergunto se o legado do Kiss ultimamente não tem mais a ver com negócios do que música. Vocês sempre pensaram além a respeito de coisas como branding e merchandising.
Paul Stanley: Orgulhosamente sim. O lado de negócios da banda é algo que outras bandas não podem fazer. Elas não conseguem fazer. Não é do interesse de seus fãs. Ninguém quer uma fivela de cinto do Eagles.
Spin: Mas as pessoas querem caixões, camisinhas e perfumes do KISS?
Paul Stanley: O Kiss sempre extrapolou os limites do que as bandas podem fazer. Não que algumas dessas outras bandas não gostariam de fazer, o fato de elas bisbilhotarem no que fazemos é mais inveja do que qualquer outra coisa.
Spin: Vocês estão excursionando novamente com Eric Singer na bateria e Tommy Thayer na guitarra. Você sente que os fãs os aceitaram como membros da banda?
Paul Stanley: Tommy e Eric não são os caras novos, eles são 'os caras'. É claro que temos alguns fãs mais radicais que pensam da sua própria forma, mas acabamos de voltar de uma turnê e o menor público foi de 10 mil pessoas, o maior foi de 90 mil pessoas e a maioria entre 40 e 50 mil pessoas. A turnê foi realmente sobre a banda de agora. Me desculpem pela má notícia inesperada para alguns, mas esta é a verdade.
Spin: Você pensa em um dia quando alguém poderia substituir você na banda? Você passaria a batuta para um novo KISS?
Paul Stanley: Isto é interessante. Se eu pudesse sempre estaria no palco. Mas eu nem sempre estarei apto para estar no palco. Nesse ponto, alguém deveria estar lá em meu lugar. Embora meu ego seja grande, eu não acredito que não possa ser substituido. Eu não inventei a roda. Existe alguém aí fora que pode fazer o que eu faço, talvez um pouco diferente. Eu acredito que o Kiss é maior que os seus membros individualmente. Eu ficaria orgulhoso de saber que estou certo e ter alguém lá no meu lugar quando for chamado. Isso não será em breve, mas algum dia poderá acontecer.
Traduzido por Maneco Grotesco | Em 26/07/10
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